WABI SABI (2016)

 É uma ocupação cênica onde a bailarina Dorothy Lenner encena suas memórias em performances ao lado das dançarinas Beatriz Sano e Júlia Rocha, numa abordagem sobre o ciclo da vida. Wabi Sabi é exatamente sobre a descoberta da beleza na imperfeição e a aceitação do ciclo da vida e da morte. Dorothy traz para a cena suas memórias, as marcas do corpo e mostra o tecer do tempo em gestos, olhares e falas. Os cabelos brancos e os gestos adaptados pela limitação física da idade são contrapostos aos cabelos escuros e à vitalidade de outros corpos em pleno funcionamento.  É nisto que reside toda a poesia da performance, que reúne elementos de dramaturgia, dança contemporânea, canto, improvisação e a música, ao vivo, do compositor, arranjador, bailarino e coreógrafo Ramiro Murillo. Daí ‘performance’ não ser o termo mais adequado, mas, sim ‘ocupação cênica’. Pra começar, não há palco. Toda a ação se dá dentro de uma instalação cênica concebida especialmente para Wabi Sabi.

Neste espaço idealizado por Hideki Matsuka e Ricardo Muniz Fernandes, uma primeira sala cheia de memórias e fatos biográficos de Dorothy Lenner compõem um espaço relicário e afetivo que contrasta com a placidez e o minimalismo oriental da segunda sala. Estes caminhos paralelos que se interpenetram nos falam dos caminhos percorridos pela atriz e bailarina.